Para entender a radiação de corpo negro, é necessário
entender que todos os corpos com temperaturas maiores que zero Kelvin (zero absoluto) no
universo emitem radiação em todos os comprimentos de onda do
espectro eletromagnético (veja o espectro na figura 1). Essa emissão não é
igual para todos os comprimentos de onda do espectro. Há uma região em que se
tem um pico de emissão bem definido. Pico de emissão nada mais é que o
comprimento de onda em que mais radiação eletromagnética está sendo emitida.
Quanto mais alta for a temperatura de um corpo, o pico de emissão será em uma
frequência maior (e em um comprimento de onda menor) e maior será a energia da
radiação eletromagnética que ele emite, como consequência (ver figura 4).
Espere! Se todos os corpos tangíveis no universo emitem
radiação eletromagnética, por que usualmente não conseguimos observar essa
radiação? A resposta para essa pergunta, é que o pico de emissão da radiação
emitida por corpos em temperatura ambiente é na faixa do infravermelho, que é
invisível a olho nu. Já os metais, por exemplo, brilham quando estão
derretendo, pois sua temperatura alcança centenas de graus Celsius e o seu pico
de emissão entra na faixa da luz visível.
Figura 1
Como já sabemos, a temperatura é um dos muitos fatores que
influenciam na quantidade de radiação eletromagnética emitida por um corpo.
Físicos do século XIX estavam tentando determinar a composição do espectro
emitido por um corpo em relação, unicamente, à sua temperatura. Para isso, eles
usaram um modelo simplificado de corpo - o corpo negro. O corpo negro é um
corpo hipotético que segue condições que garantem que o espectro emitido por
ele é determinado apenas pela temperatura do corpo: a primeira delas é que o
corpo negro absorve toda a radiação incidente sobre ele e a segunda é que ele
está em equilíbrio térmico com o meio que o envolve.
Quando os físicos Lord Rayleigh e Sir James Jeans tentaram
estabelecer a composição de tal espectro usando a física clássica, encontraram
um resultado que não coincidia com os dados experimentais. Eles estavam
considerando, de acordo com a física clássica, que a luz era uma onda e, como
consequência, que corpos emitiriam radiação eletromagnética de forma contínua. Sem
nenhuma maneira de estancar o aumento, a chamada Lei de Rayleigh-Jeans previa
que um corpo emitiria quantidades infinitas de energia na forma de radiação de
alta frequência. Como essa lei funcionava para grandes comprimentos de onda e
não condizia com o experimento para pequenos comprimentos falha na faixa do
ultravioleta ou menores, essa falha da física clássica foi chamada de Catástrofe Ultravioleta (Ver figura 2).
Por curiosidade, se o universo funcionasse dessa forma, nós
morreríamos pulverizados por radiação de altíssima energia ao acender um simples
fósforo.
Figura 2
O problema da radiação de corpo negro foi resolvido pelo
físico alemão Max Planck. Ele teve a ideia de que corpos não emitem radiação
eletromagnética continuamente, mas via pequenos pacotes (fótons). A energia
de cada fóton é dada pela seguinte equação:
E = hf
Onde E é a energia de cada fóton, F é a frequência
da luz e H é um valor constante que, posteriormente, foi denominado constante
de Planck, cujo valor é 6,626 x 10-34 Js.
A energia de um desses pacotes é sempre múltiplo da
constante de Planck.
A radiação eletromagnética se comporta, nesse caso, como corpúsculo. O tamanho de um fóton é específico
para cada frequência. Nas equações de Planck, os fótons de radiação de alta
frequência têm energia correspondentemente altas. Como existe um limite máximo
para o total de energia disponível, não podem existir muitos fótons de alta
energia num sistema. É mais ou menos como em economia. Se você possui R$ 99,00
na sua carteira, é provável que haja mais notas de valor menor do que notas de
valor maior. É possível que você tenha nove notas de R$ 1,00, quatro notas de R$
10,00 ou mais, mas apenas uma nota de R$ 50,00, com sorte. Do mesmo modo, os
fótons de alta energia são raros.
Isso resolve o problema do corpo negro, gerando um espectro
que condiz com os dados experimentais (ver figura 3).
Figura 3
A figura 4 mostra o espectro emitido por um corpo negro (quantidade
de energia emitida pelo corpo x comprimento de onda) em função da temperatura.
Figura
4
Referências Bibliográficas:
Aplicativo: Quantum
https://www.youtube.com/watch?v=ualQQ_xsmis
https://www.if.ufrgs.br/~betz/iq_XX_A/radTerm/aRadTermFrame.htm
https://www.youtube.com/watch?v=6q6nEx_Pk8U
https://pt.wikipedia.org/wiki/Espectro_eletromagn%C3%A9tico
https://institutodepesquisascientificas.wordpress.com/2016/04/17/o-problema-da-radiacao-de-corpo-negro-da-catastrofe-do-ultravioleta-a-teoria-quantica/
https://www.youtube.com/watch?v=LKoqBFot_H4&t=263s
BAKER,J; tradução Rafael Garcia. 50 quantum physics ideas you really need to know. 1 ed. São Paulo: Planeta, 2017.
Aplicativo: Quantum
https://www.youtube.com/watch?v=ualQQ_xsmis
https://www.if.ufrgs.br/~betz/iq_XX_A/radTerm/aRadTermFrame.htm
https://www.youtube.com/watch?v=6q6nEx_Pk8U
https://pt.wikipedia.org/wiki/Espectro_eletromagn%C3%A9tico
https://institutodepesquisascientificas.wordpress.com/2016/04/17/o-problema-da-radiacao-de-corpo-negro-da-catastrofe-do-ultravioleta-a-teoria-quantica/
https://www.youtube.com/watch?v=LKoqBFot_H4&t=263s
BAKER,J; tradução Rafael Garcia. 50 quantum physics ideas you really need to know. 1 ed. São Paulo: Planeta, 2017.
Um comentário
Bom texto, bem resumido e referenciado. O experimento acima descrito, de Max Planck, foi o que mais contribuiu para o desenvolvimento da Mecanica Quantica. Sem a definição da energia do fóton E = hv, hoje não haveria equipamentos para descobrir os elementos químicos de uma amostra desconhecida de um material ( espectrometria).
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