O que uma pessoa pode
imaginar quando esbarra os olhos atentamente nessa imagem? Apenas pensa que é
uma imagem ovoide com poucas variações de cores? Pode ser, mas ela possui um
significado muito maior que isso! Essa imagem foi feita pela sonda Planck, enviada
ao espaço sideral pela Agência Espacial Europeia (ESA), com o intuito de
detectar os resíduos, o resplendor, os ecos do Big Bang. Efetivamente já haviam
sido direcionadas outras sondas ou satélites para detectar esses resíduos
cósmicos (como a COBE (Cosmic Background Explorer) e a WMAP (Wilkinson
Microwave Anisotropy Probe)), no entanto, a imagem mais precisa foi conseguida
pela sonda Planck, lançada mais recentemente que as anteriores, em 2009. Mas o
que isso tem de relevante? Além de ser uma evidência de que de fato em um tempo
remoto, cerca de 13,8 bilhões de anos atrás, o universo observável estava
comprimido em um ponto extremamente denso (mas não infinitamente) e quente, de
tamanho menor que um elétron e que subitamente expandiu, revela também, o momento
em que o universo deixou de ser opaco, isto é, tornou-se transparente. A luz,
finalmente, conseguiu pôr um fim a "Idade das Trevas", e a partir
desse momento, futuros astrônomos poderiam constatar que de fato, houve um
momento em que todo o espaço do universo observável estava em uma região
extremamente densa e quente, que se arrefeceu a medida que expandiu. O
surgimento do tempo e o início da expansão do universo é o que é conhecido por
"Big Bang", interpretado erroneamente por várias pessoas, como uma
explosão. Essa radiação, a medida que o tempo foi passando, ficou mais
"fraca", mas não fraca o suficiente para que fosse impossível de
detectá-la atualmente. Por "fraca" interpretamos fisicamente, como um
aglomerado de ondas eletromagnéticas de frequências (oscilações periódicas da
onda por segundo) baixíssimas e de comprimentos de ondas grandes,
consequentemente, possuindo menor energia. Na medida que a frequência de uma
onda decai e o comprimento aumenta proporcionalmente, a radiação sofre o desvio
para o vermelho (red shift), que corresponde ao desvio para a cor vermelha da
radiação visível, sendo o espectro, em ordem decrescente para menores
frequências e menores energias, Raios gama, Raios X, Raios Ultravioletas,
Ultravioleta, Violeta, Anil, Azul, Verde, Amarelo, Laranja, Vermelho,
Infravermelho, microondas e ondas de rádio. Devido a expansão cósmica, essa
radiação cósmica de fundo, que proveio da aniquilação de pares de partículas de
matéria e antimatéria, inicialmente contendo bastante energia e sendo raios
gama, decaiu até as microondas na medida que o tempo passou, podendo,ser
observada hoje (obviamente não pelos nossos olhos pois não está na faixa do
espectro visível, mas por sondas que possuem mecanismos próprios para montar
uma imagem através desse tipo de onda emitida). Quando o universo deixou de ser
opaco, as partículas que compõem a radiação, os quanta do campo eletromagnético
(fótons), não eram mais absorvidos pelos íons e puderam vagar livremente pelo
Cosmo. Mas isso se deu a uma temperatura baixa (em termos do Big Bang), que foi
cerca de uns 3.500K ou 3227°C. Em síntese, a imagem remonta a uma época em que
o universo "iluminou-se", quando tinha cerca de 380.000 anos de
idade, escapando da relegação a escuridão. Devido a emissão dessas ondas
eletromagnéticas pela matéria, nós podemos visualizar qual era a situação do
conteúdo material do cosmo naquele tempo. As regiões mais amareladas e
avermelhadas, indicam regiões menos densas e mais quentes do universo primevo,
enquanto que as regiões azuis indicam regiões mais concentradas pelos gases.
Podemos buscar incessantemente pelos prótons e elétrons que compõem o nosso
corpo nessa imagem, que, em algum pixel, devem estar, mas nunca poderemos
confirmar onde eles estavam nesse exato momento. Mas isso não significa que não
sabemos de nada. Isso foi uma grande conquista científica, pois abriu as nossas
visões ao processo de evolução do universo, que, a cada dia que passa, está
ficando mais pormenorizada. É realmente notável que nós não temos que apelar
para mitos para explicar como chegamos até aqui. Para concluir, esses resíduos
de calor ainda podem ser detectados hoje, por qualquer terráqueo, desde que
possua em mãos, algum aparelho de rádio e televisão, e que não sintonizem em
canal nenhum. Uma fração daquele chuvisco que vemos ou ouvimos dos rádios e da
TV quando não se sintoniza canal nenhum, é a radiação cósmica de fundo.
Coincidentemente, em mais uma das peripécias da natureza, a faixa em que a
radiação se encontra atualmente, combina perfeitamente com a faixa com que as
antenas de rádio e TV podem detectar. Inclusive, a primeira detecção desse
ruído cósmico, foi feita por dois jovens engenheiros que nem sabiam certamente
o que estavam fazendo. Arno Penzias e Robert Wilson, que trabalhavam na Bell
Telephone Company, foram agraciados com o prêmio Nobel em 1978 (pela descoberta
em 1965), por constatar as previsões de Gamow e seus alunos, de que havia um
calor residual do início dos tempos que poderia ser adequadamente detectado em
qualquer lugar do espaço nos dias de hoje.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Planck_(sonda_espacial)http://map.gsfc.nasa.gov/universe/bb_tests_cmb.html
Nenhum comentário
Postar um comentário