O físico inglês Henry Cavendish
(1731-1810) objetivava medir a densidade da Terra e não obter o valor de
"G" que é a constante gravitacional de Newton, presente na forma para
se calcular a força gravitacional entre dois corpos, que é Fg=GMm/r². De fato,
Newton nunca mensurou o valor de "G" e foi Cavendish quem mediu
posteriormente, através de sua famosa experiência que ficou conhecida como
balança de torção de Cavendish. Para conseguir medir a densidade da Terra,
Cavendish precisaria do volume do planeta bem como de sua massa. Para isso
então, precisou da constante G da fórmula da lei da gravitação de Newton. O
físico inglês em verdade se baseou em um experimento realizado com esferas de
Coulomb, chamado de balança de torção de Coulomb, cunhada pelo físico John
Michell. O experimento de Cavendish consistia em prender duas esferas de massas
iguais em uma barra suspensa e sobrepor a essa barra uma haste com esferas
menores de massas menores. A balança de torção foi cunhada para medir pequenos
torques. Para Cavendish conseguir medir a atração gravitacional entre as
esferas, teve então que colocá-las nas extremidades das hastes e também teve
que se livrar de qualquer fator externo que instabilizasse o sistema. Um desses
fatores era o vento. As esferas eram de chumbo e as maiores possuíam 158kg de
massa, enquanto que as menores possuíam 0,73kg. Como poderá ser visto na imagem
abaixo, ele também deixou um espelho acoplado em um fio para emitir luz e com a
reflexão da mesma, valendo-se de uma escala angular, pudesse mensurar qual foi
o deslocamento angular da barra. Sabe-se que teria que relacionar isso com uma
constante de torção "κ" do fio e o ângulo "θ" para então
igualar ao torque que é o fator da força pelo comprimento "L" da barra
em questão. Sendo FL=κθ, logo, a força aplicada será igual a κθ/L. Substituindo
essa relação na equação da gravitação, temos que G=κθr²/MmL, em que M e m são
as massas das esferas e r é a distância entre elas. Assim Cavendish conseguiu
medir a densidade da Terra com uma precisão incrível. Mediu também com uma
precisão extraordinária o valor G que hoje, com medidas mais exatas possíveis,
sabemos que é cerca de 6,674287x10^-11 m^3 kg^-1 s^-2. Isso quer dizer que a
atração gravitacional entre dois corpos de 1kg a uma distância de 1 metro, é
igual a constante G que é um valor muitíssimo pequeno. Isso só para se ter uma
ideia do quão sensível foi o experimento de Cavendish. Esse experimento é um
dos mais bem arquitetados de toda a história da física. Mas as genialidades de
Cavendish não estão confinadas apenas nesse experimento. Ele realizou outros
trabalhos científicos relevantes.
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De fato, a gravitação é abordada pela
teoria da relatividade geral, que diz que qualquer conteúdo que possua
massa-energia em um ponto do espaço curvará o mesmo. Espaço é o conjunto de
localizações que algo pode "estar", mas sabe-se que é uma entidade formal
do universo, isto é, "onde" as entidades do universo estão e se dão,
ao longo do tempo, que são matéria, radiação e campos. Mas tempo e espaço não
são entidades apriorísticas. Em verdade, não existem sem haver alterações no
estado do universo e sem existir "algo" que ocupe espaço, que
fundamentalmente, são os campos. Segundo a relatividade geral de Einstein, é
como se o espaço fosse o palco, mas que atuasse também na própria peça. A
curvatura do espaço é causada pela presença de um conteúdo massivo-energético.
A própria curvatura gera curvatura. De fato, a massa, além de ser uma grandeza
que mede a quantidade de inércia de um corpo, mede também a sua carga
gravitacional. Um dos princípios da relatividade é a equivalência entre massa
inercial e gravitacional, uma vez que a curvatura do espaço gera geodésicas,
que são efeitos inerciais, onde o conteúdo se "move" no universo e
isso nada mais é que a gravidade. Por isso é como se o palco atuasse na peça
também. Mas além de curvar, o espaço-tempo pode cisalhar, torcer e apresentar
vorticidades, bem como ondular pela radiação gravitacional. O tecido
espacial-temporal é torcido por exemplo, quando há um objeto em rotação, como a
Terra. Mas no caso de um buraco negro, esse efeito é maior ainda, pois a
curvatura é maior (em razão de maior densidade de massa-energia). Todavia, no
referencial tangente euclideano em que estamos, a gravidade se apresenta como
uma interação. Daí, classicamente, falarmos de "força" gravitacional
sem nenhum grande problema.
Torção do espaço-tempo. |
Referências:
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