Por Felipe Freires
Eu dissertarei um pouco sobre a questão da “Geração espontânea” que foi refutada e de ambientes para a formação de vida, acho que vale a pena dissertar sobre o assunto porque, quando a geração espontânea foi refutada novas ideias foram criadas, por isso teorias que visam explicar a origem da vida foram elaboradas.
Aristóteles (384-322 a.C) foi um defensor da teoria da geração espontânea, bons lugares para encontrar a descrição dessa teoria são: China, Babilônia, Egito e índia. Ele era um defensor que a vida poderia ser formada através de poucos elementos químicos de forma espontânea, passaram-se séculos até os cientistas chegarem a uma conclusão. O médico florentino Francesco Redi (1626-1697) realizou um experimento que hoje é conhecido como “Experimento de Redi”, com ele que houve a primeira refutação da teoria da geração espontânea e, ele o descreveu em seu livro, conhecido como “Experimentos sobre a geração de insetos”. Francesco Redi mostrou que as larvas não eram formadas de maneira espontânea, e sim através das moscas que colocavam seus ovos na carne, mas para isso, ele colocou as carnes em dois frascos, um tapado e outro não, o fato de aparecer larvas no frasco que não estava tapado que foi o responsável por “fortalecer” a primeira refutação da “geração espontânea” (que pode parecer muito “primitiva”).
Mesmo assim os defensores da geração espontânea insistiram e, John Tuberville (1713-1781) aqueceu diversos tipos de extratos que às vezes eram selados, o fato de aparecer micro-organismos deu continuidade ao assunto. Finalmente, o químico Louis Pasteur (1822-1895) e o físico John Tyndall (1820-1893) admitiram que “a vida poderia vir de outra vida”. Charles Darwin disse que a vida poderia ser formada em uma lagoa com pouca água aquecida com nutrientes necessários, ele não se aprofundou muito nessa ideia, mas sua proposta foi muito importante para que experimentos fossem feitos e ampliasse o conhecimento relacionado a origem da vida, porém, esses experimentos foram feitos depois de décadas.
Alexander Ivanovich propôs que moléculas simples como CO2, CO, CH4 e H2S poderiam reagir entre si a ponto de formar lipídios, aminoácidos, entre outras coisas, assim como o inglês John Burdon Sanderson Haldane no ano de 1929. Essas moléculas formariam os polímeros e, posteriormente, formariam as “estruturas coacervadas”, que se parece com células e, depois formariam os seres vivos, essa antiga hipótese ficou conhecida como “hipótese de Oparin-Haldene”. A formação de biomoléculas através de moléculas simples que reagiriam (como na antiga hipótese de Oparin-Haldene) foi comprovada através do experimento de Stanley Miller (1930-2007) e Harold Clayton (1893- 1981), conhecido como “Experimento de Miller”. No experimento de Miller foi criado um cenário próximo ao da Terra primitiva, para “recriá-lo” foi preciso incluir gases como Metano (CH4), Amônia (NH3) e Hidrogênio (H2) e, aqueceram a água a 80º C, pelo fato dos estudos apontarem que as temperaturas deveriam ser próximas disso. Com isso foi comprovada a “hipótese de Oparin-Haldene”, porque eles conseguiram detectar aminoácidos.
Em seguida, vieram as críticas ao experimento de Miller, disseram que a atmosfera terrestre não seria daquele jeito como Miller simulou nos experimentos, e sim neutra/oxidante, mas o grande problema é o fato serem sintetizados poucos elementos nesse tipo de atmosfera. Outra crítica foi que os aminoácidos iriam se diluir, porém, vários estudos mostram que os aminoácidos poderiam se concentrar em minerais.
Teremos diferentes resultados para diferentes tipos de atmosferas, mas os estudos indicam que muito provavelmente, gases como H2O (vapor de água), CO, CO2, CH4, NH3, H2, e H2S estavam na atmosfera, como no livro “Astrobiologia: uma ciência emergente”. Agentes responsáveis na síntese desses elementos foram: radiação UV proveniente do sol, raios, descargas elétricas, entre outras coisas. O fato do planeta Terra não ter tido alta concentração de ozônio na atmosfera (porque o porcentual de oxigênio era baixo) fez dos raios solares agentes com muito poder de influencia. Existe um fragmento textual do livro “Astrobiologia: uma ciência emergente” muito interessante, ele cita os aminoácidos que foram detectados no experimento, sendo eles aminoácidos proteicos: “asparagina, ácido aspártico, cisteína, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, prolina, treonina e valina.”
Astrobiólogos especulam sobre a vida em ambientes extraterrestres extremos, há ambientes mais propícios para o surgimento da vida e outros não, podemos comparar Europa com Io, por exemplo, Io é uma lua com temperaturas relativamente frias (como 270 K) em alguns lugares e alguns locais quentes, com temperaturas de 600 K. Europa tem uma camada de gelo em sua superfície e os astrônomos acreditam que exista um oceano de água e sais onde poderiam ocorrer as reações químicas para a formação da vida. Os astrobiólogos dizem que seria mais difícil a possibilidade de vida em Io (sendo classificada como baixa na escala de plausibilidade de vida de Irwin Makuch) , mas como ela funcionaria se existisse em Io? Não sabemos muito, porém, existem especulações, explicarei sobre isso. Se existisse vida em Io, ela poderia se basear em moléculas como o sulfeto de hidrogênio, dióxido de enxofre e ácido sulfúrico, cada um deles com suas peculiaridades.
O dióxido de enxofre tem seus pontos positivos, mas também tem seus negativos, sendo um deles o fato de ter uma ligação dupla em sua molécula (SO2), ela dificultaria reações bioquímicas. O sulfeto de hidrogênio se dissociaria em H+ e HS- para ocorrerem as reações bioquímicas (podemos compará-lo com a água, que se dissocia em H+ e OH-) e, finalmente, o ácido sulfúrico permanece líquido em temperaturas que teriam de 283 K até 610 K, uma grande faixa, Douglas Borges explicou bem sobre o assunto.
Agora eu explicarei sobre a possibilidade de vida em Europa. Essa lua tem uma camada superficial de gelo com o albedo de 0,64 (coeficiente de reflexão), mais abaixo, teríamos outra camada de gelo, essa outra com 80 a 170 quilômetros e, depois um oceano com água líquida e sais minerais sugeridos por modelos computacionais. Foi publicado um estudo de Hand e outros cientistas que apresentam uma estimativa de 3 x 108 a 109mol de O2 que foi recebido pelo oceano de Europa em um período de 500 milhões de anos, esse oxigênio recebido poderia influenciar. Além disso, análises revelaram diversas espécies oxidantes na atmosfera de Europa (como O2
, H2
O2
, CO2) e, gases poderiam ir para a atmosfera pela radiólise. Existe a possibilidade de microrganismos terem sido formados em Europa através de reações químicas em seu oceano, isso faz dela um ambiente promissor em relação aos outros, mas ainda há várias questões sobre o assunto, vários pessimistas e vários otimistas.
Com o futuro poderemos explorar mais coisas através de missões para esses lugares e, até mesmo mandar algumas naves para outros sistemas, um alvo é o sistema de Alpha Centauri, mas demorará mais de 100 anos para chegar lá com base em notícias atualizadas, mas isso é outro assunto que publicarei em outro texto.
Um livro em pdf foi disponibilizado pela USP, portanto, nesse caso o formato do livro não tem problema. http://www.tikinet.com.br/iag/astrobiologia.pdf
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