Um dia em Saturno

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                                                           Saturno (Créditos: JPL/NASA)

Acredite, estudar a passagem de um dia em Saturno é uma tarefa complicada. Geralmente, os dias em planetas são determinados conforme as observações de padrões durante as rotações e utilizando dados gerados sobre esses planetas. Por exemplo, um dia (ou uma taxa de rotação) em Mercúrio equivale a 2 meses terrestres  (1440 horas), um dia em Marte dura um pouco mais que 24 horas. Michele Dougherty, principal cientista da Missão Cassini da NASA, estuda a passagem dos dias em Saturno utilizando um equipamento que a permite chegar muito perto do planeta – mais perto do que qualquer outra nave já chegou.

Dougherty sabe que medir a passagem de um dia em Saturno é mais do que encontrar uma agulha num palheiro, “é a busca por várias agulhas que mudam de cor e forma de modo imprevisível”. Ela trabalha com um ponto crucial do planeta: saber sobre a taxa de rotação de Saturno.
                                                        
                                    A rotação do planeta e a mudança frenética de suas nuvens

Imagine-se que você é de outro planeta e está observando a Terra. Você poderia escolher algum ponto visível do planeta, como Madagascar, e clicar em um cronômetro. Quando Madagascar voltar para a posição inicial você poderá saber quanto tempo levou o movimento de rotação.

Porém, essa mesma regra não se aplica a planetas gasosos como Saturno. É impossível usar as nuvens para medir as taxas de rotação; elas estão em constante mudança, foge de padrões, sempre em metamorfose. Essa dificuldade acontece quando a maior parte de um planeta está submersa em uma atmosfera densa, grande. Mesmo assim, há uma carta na manga: a taxa de rotação pode ser medida pelas emissões de campo magnético e ondas de rádio dos planetas.

Dougherty trabalha com o Instrumento Magnetômetro (MAG) acoplado a Cassini.  Esse instrumento detecta o magnetismo vindo de Saturno de uma forma interessante. Um planeta, em seu interior, faz com que o próprio calor mova seus fluídos eletricamente condutores; as correntes geradas fazem um campo eletromagnético que estende-se para o espaço indo, muitas vezes, além do planeta.

É claro que esse magnetismo não pode ser visto. Porém, os magnetômetros conseguem nos ajudar a encontrar essas respostas. Usando esse princípio, sabemos que a taxa de rotação em Júpiter, por exemplo, é de 9 horas e 55 minutos.

No caso de Saturno, uma onda magnética é gerada a cada 10 horas e 47 minutos. Os cientistas estão aceitando isso para ser um sinal padronizado, mas estranhamente muda se você observa do hemisfério sul ou norte de Saturno e, principalmente, quando há mudança de estações. Parece que o mistério foi solucionado em partes, mas algo ainda mais incrível, que explica essa mudança de comportamento, ainda será descoberto.

                                   A emissão da onda magnética a cada 10 horas e 55 minutos

Veja mais:

Measuring a day: https://goo.gl/cRrfns



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